Jeans famoso chega a custar 4 vezes mais no Brasil

Comprar uma calça jeans de marca famosa no Brasil pode ser até quatro vezes mais caro do que em outras partes do mundo. A calça jeans da Diesel - marca preferida dos fashionistas e famosos do País - chega a custar R$ 1.150 aqui, enquanto na Itália (país de origem da marca) o modelo mais caro custa R$ 280.

Parentesis: ou seja, uns 85 euros. Que nao é muita grana nem na Espanha, onde os salários sao bem inferiores a Inglaterra, França e Alemanha, por exemplo.

Para o professor especialista em finanças, Marcos Crivelaro, boa parte desta diferença de preços é em razão da carga tributária. "Roupas de marca podem custar até 10 vezes mais no Brasil. Atualmente os tributos de importação causam um acréscimo entre 38% e 42% no preço da peça. E essa percentagem ainda vai aumentar, já que a Câmara de Comércio Exterior aprovou em abril a elevação de 20% para 35% da Tarifa Externa Comum (TEC) para produtos têxteis. Esse aumento deve começar a vigorar agora em agosto".

Além disso, os valores gastos com franquia, aluguel de espaço para loja, funcionários e uma série de outros encargos necessários para manter uma loja de produtos importados também são repassados ao valor da peça ao consumidor.

No entanto, os preços altos parecem não assustar os brasileiros. De acordo com afirmação do empresário Esber Hajli, responsável pela vinda da marca Diesel ao Brasil, em entrevista a revista Veja, a marca vende cerca de 40 mil calças durante um ano, sendo que algumas chegaram a custar R$ 2.350. Ainda na entrevista, Hajli afirma que, se ele trouxer para as lojas de São Paulo as calças mais baratas da marca, em torno de R$ 400, elas encalham nas prateleiras.

Para a consultora de luxo da CoreBrazil, (que organiza uma conferência sobre o mercado de luxo no próximo dia 16), Andrea Company, peças caras encontram mercado no Brasil porque é cada vez maior o número de aspirantes a consumidor de luxo no País.

"No Brasil apenas 5 mil famílias têm condições de consumir produtos de extremo luxo. No entanto, é cada vez maior o número de famílias com renda média mensal de R$ 10 mil (2,4% da população). Essas pessoas dificilmente poderão comprar um Jaguar, mas elas conseguem comprar uma calça Diesel para exibir seu poder aquisitivo, por exemplo", garante.

Ainda segundo Andrea, a classe média alta é a maior responsável pelo consumo do chamado novo luxo acessível, que envolve produtos de massa com prestígio, ou seja, que possuem preço superior ao convencional e muito abaixo do chamado velho luxo, que só pode ser consumido por 0,001% da população brasileira.

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Para o professor Crivelaro, o consumo de coisas caras por quem, a princípio, não poderia consumir produtos de luxo é uma questão cultural.

"O brasileiro, ao contrário do resto da população mundial, é muito visual. As pessoas gostam de mostrar as coisas que possuem, seja para tentar conquistar alguém, ou mesmo para se exibir para o outro. Ter coisas caras, e principalmente produtos de grandes marcas, é sinal de status no Brasil. Você não vê por exemplo, em televisões de outros países, pessoas tão arrumadas e produzidas como na televisão brasileira, com exceção de Hollywood. Afinal, o que justifica uma pessoa que ganha R$ 2 mil comprar uma calça no mesmo valor, senão a vontade de mostrar poder?", questiona.

Outro parêntesis: A coisa mais cara que eu vi na Europa foi um casaco de pele de raposa que custava um mês inteiro do meu salário de bolsista. Aqui eu nao ganho nem pra comprar essas calças jeans, imagina um casaco de pele. Nao que eu queira comprar um, claro está. Apenas a título de comparação.

E o Brasil é o MAIOR CONSUMIDOR desses produtos no mundo.
Medo.

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