Entao. Eu tinha um congresso em Pamplona até próximo domingo, mas tive que voltar essa madrugada porque era o dia da minha entrevista na Polícia pra confeccionar o tal carnê de residência. Os meus amigos todos ficaram, mas eu fugi. Eu e o paraguaio. Porque eram os organizadores do Congresso que estavam pagando nossa viagem. A gente nao podia simplesmente ir embora mais cedo.

E saímos de Pamplona 1:30h da manha para estar na Polícia às 9:00h. E dormi muito mal no ônibus, claro. E estou doente, óbvio, com tanto choque térmico. A minha garganta foi pro espaço. E quando peguei o ônibus pra vir pra casa às 7:00 da manha e tudo escuro, e um frio dos diabos e eu com sono, o motorista do ônibus disse que nao ia me trazer porque eu estava com uma mala. E eu fiquei meio com cara de "como assim?" E lhe disse: mas na ida eu entrei no ônibus e ninguém reclamou. E ele disse algo do tipo: nao converse muito ou eu nao deixo você subir, porque tou fazendo um favor. E eu "COMO ASSIM? Existe um número pra me informar a respeito?" E ele me gritou. Acredita? Me GRITOU. E eu, claro, gritei ele também, porque depois de um mês com essa gente me tratando a patadas a minha paciência anda por um fio.

E entao eu disse: "A minha mala é muito grande?". E ele: "claro". E eu disse: "Entao eu nao sei porque os ônibus andam cheios de carrinhos de bebês que ocupam quatro vezes o espaço da minha mala e eu NUNCA vi ninguém se recusando a levar. Isso nao tem lógica. Como as pessoas vao poder se desplazar se nao podem andar de ônibus?". E ele continuou gritando. Depois calou a boca e resolveu dar partida no carro.


Parêntesis: eu acho esse costume de andar com carrinho de bebê no ônibus e nos metrôs simplesmente O MÁXIMO. Porque as famílias saem com seus bebês confortavelmente.


O detalhe é que só havia, além de mim, duas passageiras no ônibus. Tipo, eu nao estava atrapalhando ninguém.

Aí depois eu fui lá na Polícia. E todos os meus amigos já haviam me dito que ia ter uma fila enorme, mas que eu deveria apresentar a carta de convocaçao e me dirigir diretamente ao guichê 4. Mas claro que a senhora que estava na porta nem quis olhar a minha carta. E estava toda nervosa porque tinha um senhor querendo furar fila. E bem na hora que eu cheguei ela estava descendo das tamancas e gritando pro povo que tava na fila enorme: "esses aqui tao querendo furar fila, eu devo deixar?" E eu falei bem baixinho: "nao é isso. Eu trago essa carta comigo porque..." E ela: " COMO QUE NAO É ISSO? COMO QUE NAO É ISSO? AQUI TODO MUNDO TEM QUE PEGAR FILA". E eu falava bem baixinho: "Por favor señora, por favor..." pra ver se ela se acalmava e nada. Claro que eu ainda tentei dizer que eu tinha uma entrevista marcada às 9 , mas ela nem tchum. E aí eu tentei apresentar a carta pro guarda que tava lá fora. E ele disse: Fique na fila. Assim, sem nem olhar a carta. E me disse assim: Se você nao entrar na fila nao vai ver nem a cara do seu carnê de residência.E eu só sei que eu fiquei 3 horas na fila. Um frio, com febre e tals.

E quando cheguei lá dentro o senhor me disse que eu nao deveria ter esperado na fila. O que eu aliás já sabia, claro. Mas, tipo, em atencao ao cliente os espanhóis recebem nota -22. Porque, sabe, eles simplesmente começam a ficar nervosos na hora que precisam atender muitos....clientes.

E isso sem contar o carinha que me perguntou assim: "Você sabe ler?" Porque eu lhe pedi que me explicasse a diferença entre barquillo y tarquilla (ou algo assim) porque, sabe, ele vendia sorvete, eu queria um sorvete, mas eu nao sabia o que era copo e o que era cascalho.

E isso sem falar ainda de todas as outras situaçoes absurdas, de requintes de antipatia, falta de educaçao e grosseria que eu presenciei nesses 40 dias aqui.

E me desculpem se vocês estao lendo coisas chatas. Afinal, ninguém quer ler essas coisas quando sabe que uma pessoa foi pra Europa.

Lo siento.

A Espanha é o máximo, os espanhóis sao uma merda.

E nao tenho a menor condiçao de ser politicamente correta hoje.

Cansei.