"Um tratado sobre gênero" ou "Machismo, feminismo e imbecilidade" A Mary escreveu um post fabuloso e oportuno já que soube que um imbecil publicou um texto numa vã tentativa de explicar o inexplicável (seus problemas com mulheres e principalmente mulheres feministas) e me citando. O post da Mary (reproduzo na íntegra): " Técnicas de dominação Uma coisa que sempre achei engraçada (e trágica) é como mulheres têm a tendência de ser extremamente cruéis umas com as outras. Principalmente quando uma mulher conquista alguma coisa - um título, um emprego, um desejo, um homem, qualquer coisa boa - a coisa pega. Parece que temos mais facilidade para sentir inveja e raiva uma das outras do que os homens entre si. A impressão é que não vemos outras mulheres como companheiras mas principalmente como concorrentes que devem ser destruídas. Uma colega de turma perguntou a uma professora o por quê dessa nossa mania de atacar mulheres enquanto agimos mais respeitosamente com homens. A professora, que é pesquisadora e feminista, afirma que esses ataques são um sinal claro: o espaço ocupado pelas mulheres na sociedade é tão limitado que quando uma outra mulher consegue chegar lá (seja lá onde for), ficamos automaticamente ameaçadas. Daí o ódio, a inveja desmesurada e o golpe. O espaço ocupado pela mulher, reafirma a professora, é dado pelos homens porque nenhum outro homem foi competente o suficiente para conquistá-lo antes de nós. Na faculdade, todos os cursos que fazemos têm um vínculo feminista, ou de gender, como é a denominação americana para a discussão da diferença entre os sexos que permeia todos os níveis sociais e econômicos da sociedade. Uma das teoréticas mais respeitadas na Suécia é Berit Ås, uma norueguesa de quase 80 anos. Ås foi a primeira mulher líder de um partido da história da Noruega e, enquanto na política, ela notou que seus colegas líderes partidários, todos homens, exerciam uma espécie de estratégia tácita e a desqualificavam sistematicamente. Essa estratégia, observada por Ås em 1976, virou teoria feminista e recebeu o nome de Härskartekniker, ou seja Técnicas de Dominação. São elas: 1. Tornar a pessoa invisível Fazer a pessoa se calar por meio de marginalização. Objetivo: ignorar a pessoa completamente. 2. Ridicularizar a pessoa Manipular os argumentos da pessoa de forma a deixar claro que as idéias da pessoa são ridículas e desimportantes. 3. Omissão de informação Não contar à pessoa informações importantes. Objetivo: marginalização. 4. Castigo duplo Deixar a pessoa em uma situação em que não há possibilidade de acertar. Não importa o que você faz/diz, será sempre errado. 5. Atribuição de culpa e vergonha Fazer a pessoa se envergonhar de suas características, ou insinuar que a culpa é da pessoa por algo que ela sofreu. O lance é que as Técnicas de Dominação não são aplicadas apenas por homens, mas principalmente por mulheres provocadas pelo sucesso de outras mulheres. Ontem tava vendo um filme em que uma mulher afirmava que, se o mundo fosse governado apenas por mulheres, não haveria guerras. Eu du-vi-do. Nossas guerras seriam tão sanguinárias quanto as atuais. Ou mais." Meu comentário: "Mary, eu na verdade nunca gostei de evidenciar esse lado feminino de competição ferrenha com outras mulheres e por uma razão bem simples: a competitividade feminina (mulher x mulher) tem componentes históricos poderosos. Ex: qdo uma mulher não podia trabalhar, se sustentar e viver longe da "proteção de um homem", ou ela casava, virava tia (coisa pior que a morte)ou virava prostituta (pior que a morte também, mas talvez menos ruim que ser tia. Ou não). Então, as mulheres, historicamente, aprenderam que - ou elas brigavam pelo pedaço de osso (leia-se, homens) ou levariam uma vida de cidadão de segunda classe. Claro que isso é uma simplificação generalizante, mas acho que a grosso modo é isso. "Vc tem duas escolhas: eu que sou maravilhosa, linda, cozinho bem, etc. E aquelazinha que tem celulite, não sabe se vestir, é porca e péssima dona de casa". Incrível como essas frases se repetem até hoje desde mil novecentos e vovó menina. A mulherada tem que sacar que não fisgar um bom partido deixou de ser sinônimo de vida ruim há muito tempo. Em muitos casos é sinônimo até de uma vida melhor Beijocas" Adendo ao comentário: Lamento, boys, se gente como eu torna a vida de vocês difícil....risos. E, no mais, os cães ladram e a caravana passa. |